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Tag Archives: ciência aberta

Captura de tela de 2016-01-06 21:52:25

O Projeto Ciência Aberta Ubatuba, integrante da Open and Collaborative Science and Development Network participou em novembro de 2015 do encontro anual do grupo de trabalho brasileiro em Ciência Aberta.

Sobre o eventoCiência Aberta: Novas questões na comunicação e prática científicas

Em 2015, o encontro anual do grupo de trabalho em Ciência Aberta ocorre em parceria com a OpenCon 2015, conferência mundial de uma nova geração de acadêmicos para avançar práticas científicas. Também sediará um seminário internacional organizado pelo Núcleo de Pesquisa e Tecnologia em Produção Científica da ECA-USP. Com atividades acadêmicas de capacitação, informação e reflexão, ao longo dos quatro dias os participantes compartilharão suas práticas abertas e análises dessas dinâmicas de produção.

Dias 25 e 26: laboratórios de capacitação na Universidade de São Paulo e Garoa Hacker Clube

Dias 27 e 28: seminário internacional na Universidade de São Paulo

 

Apresentamos nosso trabalho na sessão dedicada à Ciência Cidadã, junto a outros projetos muito interessantes:

Ciência Aberta Ubatuba e desenvolvimento local – SLIDES-Ciencia-Aberta-USP-2015
Henrique Parra (UNIFESP / OCSDNet)
Blogs e vlogs científicos no Brasil: em que pé estão?
Rafael Bento (Scienceblogs Brasil / NuminaLabs)
Laboratório de ciência cidadã para o uso de drones como tecnologia social
Pablo de Soto (ECO – Ufrj)
A experiência de um evento entre a sabedoria coletiva e o conhecimento científico
Nilton Bahlis dos Santos (Next – Fiocruz)

 

 

antonio-lafuente

Recomendo a escuta desta apresentação do Antonio Lafuente na EACH/USP, numa  atividade organizada pela Daria Daremtchuk do Grupo de Pesquisa Entre Artes Contemporâneas. Como não pude comparecer, pedi a ela que gravasse o audio. Registro recebido, escrevi ao Antonio solicitando autorização pra compartilha-lo. Obviamente, nenhuma objeção. Publiquei-o em seguida no Internet Archive  (Disponível aqui: https://archive.org/details/20150528083352 ).

Já faz algum tempo que acompanho sua produção. Considero-a muito inspiradora para os trabalhos que venho desenvolvendo, tanto na pesquisa como na ação política. Serei sempre grato ao colega Luis Ferla por ter me apresentado a ele na Unifesp, lá no Bairro dos Pimentas, onde mais tarde o próprio Antonio voltaria outras vezes pra participar de seminários e de uma não-aula no (des)curso “Leituras do Fora” que oferecemos (eu, Edson Teles e Fernanda Cruz) como disciplina eletiva .

Após escutar o audio, resolvi fazer algumas anotações que compartilho aqui. Antonio Lafuente explora algumas questões sobre a produção de conhecimentos (científicos e extra-científicos) e sua relação com os coletivos humanos (instituições, Estado, academia, extra-universidade).

Sua trajetória de historiador da ciência, soma-se ao longo trabalho de pesquisa sobre práticas alternativas de produção de conhecimentos (ciência amadora, ciência cidadã, comunidades epistêmicas, cozinhas, laboratórios de garagem…) e mais recentemente à prática de coletivos ativistas que combinam o uso de tecnologias digitais à investigação amadora para a inovação cidadã (novas modos de participação e ação política). Um exemplo disso são algumas iniciativas que ele coordena do MediaLab Prado.

Nesta palestra ele faz um interessante caminho, partindo de algumas boas questões: o que os cientistas podem aprender com os ativistas, e o que os ativistas podem aprender com os cientistas? Como avançarmos da ciência aberta em direção à ciência comum?

No centro das reflexões está a própria noção do que é ciência. Lafuente interroga os limites da idéia de ciencia aberta (open science) apontando como ela surge como forma de resistência aos processos de privatização de conhecimento, mas que, dado o caráter ambiguo e paradoxal do nosso ambiente sociotécnico, a Open Science também participa ativamente da própria expansão do capitalismo informacional.

Ele confronta a idéia de Ciência Aberta com a proposta de uma Ciência Comum (Common Science). Se por um lado a ciência aberta estaria orientada pelo caráter público da ciência (a ciência para todos); a ciência comum estaria orientada por uma idéia da ciência feita “entre todos”. O “comum” teria aqui duas dimensões: enquanto recurso comum (commons no sentido econômico de bens comuns); mas também comum no sentido daquilo que é partilhado. Lafuente parece dar mais destaque a esta segunda dimensão (esta seria uma primeira pergunta para ele).

Ao chamar atenção para esta dimensão do Comum, Lafuente faz um deslocamento interessante e recoloca esta discussão no âmbito do que alguns teóricos chamam de Pró-comum (nem publico-estatal, nem privado). Mas ele vai ainda mais longe, pois ao colocar a ciência na perspectiva do pró-comum ele interroga a idéia da ciência como instituição.

Pra isso, ela faz uso de um artifício. As instituições, dado seu caráter relativamente objetivo e autônomo (é um conjunto de relações com regras próprias de funcionamento) funda-se num cercamento baseado na delimitação entre um dentro e um fora (o que é ou não reconhecimento como científico). Em oposição às instituições, ele usa o neologismo “extituições”. Ao invés de criar fronteiras entre o dentro e o fora, a extituição busca criar conexões entre o dentro e o fora.

Esta ciência comum, portanto, estaria fundada naquilo que é partilhado por todos e ao mesmo tempo, é singular a cada um: a experiência. Do experimental à experiencial; todos somos experts em experiência; um conhecimento baseado na experiencia é um conhecimenho que não separa experts e leigos, é um conhecimento que todos têm.

A impressão que dá, é que Lafuente constrói um plano de imanência onde ele cria  conceitos que sejam capazes de abrigar as novas práticas cognitivas que ele descreve. Mas será que a ciência comum, na perspectiva colocada por Lafuente, apontaria também para uma outra ordem política? Ele não fala isso diretamente; esta seria uma segunda pergunta para ele. Fiquei com esta impressão pois ao final de sua intervenção ele desenvolve um comentário sobre os novos movimentos sociais na Espanha.

Em sua descrição os movimentos da geração 15M (em sua multiplicidade de grupos), articulam 3 características que os distinguem dos movimentos anteriores: (1) dos protestos às propostas: são movimentos que não mais se limitam a protestar contra algo. Isso os obriga a se configurarem como comunidades de aprendizagens, comunidades cognitivas que enfrentam problemas comuns; (2) do experimental ao experiencial: são esses problemas comuns, os seus modos de enfrentamento e a experiência produzida neste trabalho que estão na base na organização; (3) da reivindicação dos direitos civis (afirmação de sujeitos de direitos), a criação de infraestruturas próprias que produzem recursividade. Além de reivindicar direitos, esses movimentos inauguram soluções baseadas numa permanente abertura.

Essas ações juntas se comportam como um Protótipo, um laboratório que não estaria destinado à produção de coisas, mas espaços destinados à criação de comunidades. Aqui a inspiração do software livre é fundamental em sua dimensão “livre”, tanto a novas agregações, quanto a novas clivagens que não perdem aquilo que foi produzido em comum. Nesta acepção, tal “comunidade” política não estaria baseada em direitos exclusivos (relacionadas à um sujeito específico de direitos), e sim na abertura à chegada de outros, obrigando-nos à permanente tarefa de criar novas formas de viver juntos.

Anotações da intervenção realizada na mesa “Refletindo e discutindo sobre as perspectivas das metodologias participativas no Brasil e no mundo” do Simpósio Internacional Metodologias Participativas

 

1. Contexto macro-social economico

Kismo cognitivo
Esgotamento democracias representativas => convive lado a lado com o estado de exceção

Esgotamento da narrativa progressista na AL => Ascenso politico conservador.
Crise ambiental.
Crise de legitimidade da ciencia

Kismo cognitivo => trabalho imaterial (cuidado, educação) nova fronteira de exploração. Problema para o capitalismo: como codificar?
Risco das metodologias => nao podem virar protocolos.

Novas formas de exploração do trabalho: participação = mobilização total.

Participação => mecanismo de captura na democracia representativa. Temos participação em toda parte.

*Saude, Educaçao => fronteiras do capitalismo cognitivo => economia afetiva, comunicaciona. Como codificar controlar o intangível?

Curso enfermagem – estão sentido com maior radicalidade este processo em curso.

 

2. Novas tensões sobre a produção de conhecimento científico

Anos 40-50 sec.XX => big science, ciencia&tecnologia aplicada
Se por um lado há crise de legitimidade sobre a capacidade de solucionamento dos problemas humanos e ambientais (ciencia pra que e pra quem?).
Por outro há uma nova hegemonia em termos da convergência NBIC – nano-bio-informatica-cognitivas.

É possivel perceber uma tensão aqui no Simposio Metodologias Participativas face às dinamicas de:
-institucionalização da ciencia => maior fechamento de cada campo científico (o que não é contrário a interdisciplinariedade, mas significa uma tendencia de fortalecimento de regras/protocolos internos ao campo.
-relação com a sociedade => novas demandas de interação.

Simposio:
-eixo objeto e metodo => modo de fazer
-eixo ético-politico  => emancipação, poder…

Exemplo: reflexao critica sobre Ciencias Sociais – ultimos 20 anos.

*Streck => participação na pesquisa X participação da pesquisa na sociedade

*Renato Toledo: limites da ciencia diante dos novos problemas contemporaneos, crise de algumas certezas…

 

3. Revolução Amadora, Crise da Expertise => Movimento Ciencia Aberta, Ciencia Amadora, Ciencia Cidada

-relação com os estudos sociais em Ciencia & tecnologia
-complexidade dos problemas reais exigem abertura da ciencia aos saberes de outros atores => emergencia de novos atores cognitivos
-ciencia aberta – intra-campo (novos modos de participação e colaboração entre cientistas).
-ciencia aberta – extra-campo (novas formas de relação entre universidade e sociedade.

*Simposio: trabalhos que se relacionam de maneira distinta com a dimensao do poder institucional: lutas por direitos X crítica institucional.

-Dimensao Politica: tensão entre:
-luta/afirmaçao de direitos (leis) que nao estao efetivamente constituídos ou que estão ameaçados.
-novas formas de produção de comum (pro-comum): nova politica, novas subjetividades.

 

4. Sobre os trabalhos => questões sobre a abordagem interdisciplinar

Apontam para necessidade da interdisciplinariedade…todavia, é importante dialogar com a experiencia disciplinar de algumas áreas. Por exemplo: como “falar em nome” do sujeito pesquisado na metodologia participativa? O problema da representação na escrita, na produção de conhecimento é um problema fundante na antropologia. Como falar deste outro desconhecido?

Destaques Eixo Saude:
-poucas recorrencias comuns na bibliografia
-bibliografia em português
-todos os projetos são reflexões sobre a implementação/execução de uma ação sobre um problema concreto: quais os saberes mobilizados e produzidos neste processo.
-destaque para a relação com o SUS.
-ausencia de discussões sobre Ética (um único trabalho trata mais diretamente deste problema). Nos demais a dimensão ética está dissolvida ou suas questões/dilemas são percebidas de forma imanente à própria prática da pesquisa-participativa.
-estudos são situados-contextualizados. Pouca expressão de teorização mais ampla.

Destaques Eixo Sociais:
-temas e objetos são mais amplos. Reflexão sobre uma prática que é mais ampla, ao contrário do Eixo Saúde que “ataca” problemas mais específicos.
-educação focada em temáticas da saúde.

Durante a primeira semana de junho de 2015, Ubatuba, cidade localizada no litoral norte de São Paulo, foi cenário da realização do Tropixel Ciência Aberta. O evento foi composto por oficinas, apresentações e debates, além de um laboratório experimental de tecnologias abertas para produção de conhecimento e soluções para questões de desenvolvimento local. Cerca de cem pessoas participaram do evento, que reuniu convidados da própria cidade, de outras regiões do Brasil e também de outros países.

Identidade Tropixel

Tropixel é uma rede brasileira que desenvolve eventos em formatos dinâmicos, buscando a conjunção entre arte, ciência, tecnologia e sociedade. Em anos anteriores havia organizado o Festival Tropixel em Juiz de Fora e em Ubatuba, e o Ensaio Tropixel #1 em Ubatuba. É associada à rede Pixelache, criada na Finlândia no início da década passada e responsável pela produção de dezenas de eventos e projetos de arte e ciência em países de três continentes.

A edição de junho, batizada de Tropixel Ciência Aberta, foi concebida em parceria entre a rede Tropixel e a plataforma Ciência Aberta Ubatuba, com o intuito de promover o diálogo entre as diversas instituições, grupos e indivíduos envolvidos com a produção e difusão de conhecimento em Ubatuba e região. O principal objetivo foi propor a reflexão e a troca de experiências sobre o papel da adoção de práticas abertas e colaborativas por projetos científicos, além de dar visibilidade a iniciativas da região que já adotam práticas da ciência aberta. O evento visou ainda trocar experiências sobre soluções com ferramentas abertas e metodologias colaborativas para projetos de interesse local.

Lab #mozsprint

A programação incluiu dois dias de oficinas de hardware científico aberto na Etec – Centro Paula Souza de Ubatuba; um painel de apresentações e debates sobre experiências de ciência aberta com duração de uma tarde no auditório do Aquário de Ubatuba; e por fim dois dias de um laboratório experimental #mozsprint, conectado ao Mozilla Science Global Sprint, acontecendo no Jardim Cultural.

Painel Ciência Aberta

O Tropixel Ciência Aberta foi parte da programação da sexta edição do Festival da Mata Atlântica – Floresta, Rios e Mar. Contou com apoio institucional do IBICT, do IDRC e da OCSDNet, além da Prefeitura Municipal de Ubatuba, do Ubalab, da Rede Infoamazônia, do Pimentalab, do Liinc/IBICT-UFRJ e do Ecotrip Hostel.

Oficina Hardware Científico Aberto

Nos dias 1 e 2 de junho, o Tropixel Ciência Aberta recebeu uma oficina de Guima-san e Gina Leite, da Rede Infoamazônia. Trata-se de um projeto que foi finalista do Desafio Google de Impacto Social e está desenvolvendo uma rede de sensores de qualidade da água em Santarém, no coração da Amazônia. Os integrantes da equipe contaram sobre o histórico do projeto, a atuação do projeto Infoamazônia gerando e relacionando dados que servem de base para a criação de conteúdo jornalístico e informativo. Mostraram diversos tipos de sensores, desde aqueles produzidos comercialmente até outros fabricados artesanalmente. Trouxeram ainda um protótipo avançado do equipamento que irão produzir para o projeto, chamado de Mãe d’Água, que conecta vários tipos de sensores para compor um retrato da qualidade da água.

Mãe D'Água

Ao longo dos dois dias, os participantes – grande parte deles estudantes de ensino técnico – tiveram a oportunidade de desenvolver seus próprios sensores simples de condutividade elétrica, utilizando componentes acessíveis e de baixo custo com base em um projeto do Public Lab. A plataforma Ciência Aberta Ubatuba também aproveitou para fazer uma pequena pesquisa sobre o perfil dos participantes, cujos resultados serão publicados nos próximos dias.

Sensores montados à mão Testes de água

Painel Ciência Aberta

Na quarta-feira, dia 3 de junho, o evento migrou para o auditório do Aquário de Ubatuba, onde aconteceu o painel sobre temas relacionados ao universo da ciência aberta e colaborativa, com foco especial na sua relação com o desenvolvimento da cidade e região. O painel foi organizado, em duas sessões, com a intenção de aproximar pesquisadores e instituições que já trabalham com perspectivas próximas à ciência aberta, além de trazer referências relevantes de outras partes do Brasil e do mundo.

A abertura foi feita por Felipe Fonseca, coordenador local do evento, seguido da apresentação remota de Leslie Chan (Universidade de Toronto) sobre os objetivos da rede internacional OCSDNet, da qual faz parte a Plataforma Ciência Aberta Ubatuba.

Painel Ciência Aberta

A primeira mesa, coordenada por Sarita Albagli (IBICT), teve por tema “Territórios e Conhecimento” e contou com falas de Diogo Soares (Litoral Sustentável); Maira Begalli (UFABC); Thereza Dantas, Marcela e Eduardo (Fórum de Comunidades Tradicionais); Álvaro Fazenda (Forest Watchers) e Eliane Simões (Redelitoral). Gestão e construção participativas, cartografias coletivas e conhecimentos tradicionais foram temas bastante presentes.

Cândido e o mergulhador

Com o tema “Fronteiras abertas”, a segunda sessão, coordenada por Henrique Parra (Unifesp) trouxe as experiências de Cândido Moura (Ubatubasat); Rachel Jacobs (Active Ingredient); Jorge Machado (Colab/USP); Juliana Bussolotti (Associação Cunhambebe); Guima-san (Infoamazônia) e Luciana Fleischman (Tropixel). Os vídeos das apresentações estão disponíveis na página wiki do evento.

Laboratório #mozsprint

Os dois últimos dias do Tropixel Ciência Aberta tinham a proposta de abrir espaço para a troca de experiências e a realização de atividades de desenvolvimento e aplicação de ferramentas de conhecimento aberto. O lab esteve conectado a dezenas de iniciativas ocorrendo simultaneamente em diversas partes do mundo, compondoo Mozilla Science Global Sprint. Este é um evento internacional e em tempo real voltado ao desenvolvimento de projetos de ciência aberta, organizado periodicamente pela Fundação Mozilla.

Lab #mozsprint - programação

Em Ubatuba, o lab teve diversos eixos de atuação:

  • levantamento de dados científicos sobre Ubatuba em sistemas e acervos disponíveis na internet, mobilizado por Capi Etheriel (Transparência Hacker) e André Appel (Liinc/IBICT-UFRJ);
  • “hackeamento” dos equipamentos e sensores trazidos pela artista britânica Rachel Jacobs, que fazem parte da obra Prediction Machine, e a exploração de pontos de contato com as pesquisas de Guima-san para o Infoamazônia e outros projetos. Participaram também Leandro Ramalho e outros integrantes do Arduino Ubatuba, além de membros do Estúdio Avante;
  • entrevistas em vídeo sobre temas ligados à ciência aberta com convidados do evento, capitaneadas por Henrique Parra (Unifesp), Sarita Albagli (IBICT) e Juliana Andrade (Pimentalab);
  • oficinas de bioexperimentos elétricos, que utilizaram legumes e outros vegetais como fonte de energia, propostas por Filipe Machado e Marrytsa Melo;
  • edição colaborativa de Guias para Ciência Aberta, coordenada por Luciana Fleischman (Tropixel), Alexandre Abdo (OKBr) e Sarita Albagli (IBICT);
  • oficina de geoprocessamento utilizando o software livre qgis, oferecida pelos estudantes de gestão territorial da UFABC, sob coordenação de Maira Begalli;
  • apresentação, por Jutta Machado (Colab), de aplicativo de pesquisa de opinião de base comunitária, para empoderamento local e subsídio a políticas públicas, desenvolvido pelo MIT;
  • sessão de brainstorm e construção coletiva a partir de questões trazidas por Felipe Spina (Mosaico Bocaina), para desenvolvimento de ferramentas de produção participativa e comunitária de informações de monitoramento e alerta ambiental.

Rachel e os sensores TV Ciência Aberta Ubatuba Bioexperimentos Mosaico Bocaina

Ao fim da sexta-feira, dia 5 de junho, os participantes do lab reuniram-se de frente para o mar para uma última rodada de conversas. Ficou no ar o desejo de levar em frente as ideias e explorações iniciadas durante os dias do evento.

Documentação

Um dos elementos mais importantes em qualquer projeto de ciência aberta é o compartilhamento de dados. Tendo isso em vista, foi solicitado aos participantes do Tropixel Ciência Aberta que publicassem o material que trouxeram ou geraram durante os dias do evento. Esta lista ainda será ampliada e publicada na nossa página wiki, mas por enquanto já temos os seguintes recursos disponíveis:

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Roteiro Palestra – Congresso Unifesp – 11 de junho de 2015

Apresentação: trabalho com tecnologias digitais e regimes de produção de conhecimento
Dois projetos: veja https://prototype.pimentalab.net
-Ciência Aberta e Desenvolvimento Local: examina as relações entre práticas de colaboração na produção científica e as dinâmicas socioeconomicas;
-Tecnopolítica, Ação Coletiva e Saberes Situados: questões relativas à privacidade, segurança da informação, condições de acesso ou bloqueio no acesso à informação.

Efeitos da mediação das tecnologias digitais em duas direções:
-Abertura, Transparência e Colaboração
-Controle, Privacidade, Vigilância

Proposta para o Congresso da Unifesp (2014):
Deve o Conhecimento ser livre? Sim!
https://pimentalab.milharal.org/2014/08/28/deve-o-conhecimento-ser-livre-sim/

==Introdução==

Para desnaturalizar as noções de propriedade intelectual, tomarei um exemplo bem atual sobre a possibilidade de Propriedade Privada Extra-terrestre

Fonte destes fragmentos: “Propriedade privada sobre as riquezas dos asteroides?”
De: José Monserrat Filho: Vice-Presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), Diretor Honorário do Instituto Internacional de Direito Espacial, Membro Pleno da Academia Internacional de Astronáutica (IAA) e Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Lyndon Johnson, então Presidente dos Estados Unidos, sobre o Tratado do Espaço, em 1967
“Hoje, o espaço é livre. Não tem cicatrizes de conflitos. Nenhuma nação detém uma concessão lá. Essa situação deve permanecer como está. Nós, dos Estados Unidos, não reconhecemos a existência de proprietários do espaço exterior, que se julguem competentes para negociar com as nações da Terra sobre o preço do acesso a este domínio…”.

Argumento do projeto apresentado pelos deputados norte-americanos Bill Posey, republicano da Flórida, e Derek Kilmer, democrata de Washington, ao Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, em 19 de maio de 2015:
“Quaisquer recursos de asteroide obtidos no espaço exterior são propriedade da entidade que obteve tais recursos, a quem devem ser atribuídos todos os direitos de propriedade daí decorrentes, de acordo com os dispositivos aplicáveis da Lei Federal.”

Tratado do Espaço de 1967: O espaço exterior e os corpos celestes são espaço comum de todos os países. Logo, nenhum país em particular tem o direito de instituir o regime de propriedade dos recursos espaciais e de sua exploração industrial e comercial. É uma ação unilateral e arbitrária que usurpa o direito dos outros países a explorar e usar livremente o espaço e os corpos celestes, além de violar o princípio da não-apropriação.

Texto do José Monserrat Filho disponível Propriedade privada sobre as riquezas dos asteroides-2015:

 

==Propriedade Intelectual e Inovação==

O que é propriedade intelectual => instrumento jurídico que estabelece direitos de monopólio aos seus detentores para sua exploração (econômica) exclusiva. Trata-se de um artifício jurídico-econômico que produz escassez sobre um bem de natureza não escasso, nao-rival, intangível, e que cujo uso pode gerar externalidades positivas.

Comparar a natureza econômica de um bem material.

Inovação => aqui entendido como a criação de um novo processo, objeto ou substância que pode ser inserida numa atividade econômica gerando ganhos positivos (produtividade, retornos financeiros, etc).

[Importante destacar que este é um sentido bem limitado de inovação => outra perspectiva => tecnologias sociais ou organizacionais, em que os ganhos de eficiência ou produtiva são avaliados em termos sociais. Cidades na Alemanha que utilizam carros alugados]

As relações entre Inovação e Propriedade Intelectual, neste contexto, é onde a produção de conhecimento (científico, tecnológico ou de outro tipo) encontram-se com as dinâmicas econômicas.

Nessa perspectiva, a discussão sobre Propriedade Intelectual fundamenta-se em argumentos relativos a: importância de sistemas de incentivo à criação (estimulo economico aos criadores ou investidores); sistemas de controle sobre investimentos (visando garantir possibilidades de retorno futuro); mecanismos de gestão da competição entre empresas ou mesmo entre nações.

É uma discussão que também envolve as formas jurídicas nacionais (as leis precisam ter validade num território), legislações e organismos internacionais, com todas as complexidades relativas à arbitragem (quem faz as leis, onde elas valem, quem tem condições de impor sanções etc…).

Interessante destacar: OMPI-1967, acordos internacionais sobre propriedade intelectual surgem juntamente à emergência da chamada Sociedade da Informação => momento em que parte significativa da geração de valor das atividades econômicas desloca-se das atividades ditas materiais para uma camada imaterial (design, marca, tecnologia agregada…)

Faço este breve introdução apenas para indicar como o sistemas de propriedade intelectual e as políticas de inovação, possuem história e fazem parte, portanto de modelos possíveis de desenvolvimento econômico, social, compondo assim, estratégias de desenvolvimento de países ou blocos de países.

***

Em se tratando de um regime de propriedade sobre bens cuja característica é não-rival e intangivel, e cuja origem e circulação é de difícil delimitação (como controlar as idéias? Quem são, afinal, os criadores originais?) os problemas relativas à propriedade intelectual são parecidos, de certa forma, aos dilemas que enfrentamos sobre a gestão de recursos naturais comuns, como a água, o ar, etc (claro que recursos materiais são finitos e isso faz uma grande diferença). Como se dão as fronteiras de recursos marítmos? Ou do ar que respiramos? Quanto de ar podemos usar ou poluir em determinada atividade econômica?

Ao criarmos formas de gestão da produção e da circulação de conhecimentos numa sociedade estamos desenhando um “ecossistema” onde a forma de acesso ao conhecimento, enquanto recurso produtivo, pode ser modulado entre dois extremos: ambientes de fácil acesso ao conhecimento X ambientes de acesso mais restrito ao conhecimento.
A propriedade intelectual é um mecanismo para tentar gerir (positivamente ou negativamente) essas fronteiras e criar condições de estímulo ou de desestímulo à criação.

Nesse sentido, podemos pensar em “modelos de sociedade”, onde as atividades econômicas, sociais e políticas irão se desenvolver de forma diferente, a depender da “ecologia de conhecimentos”.

Essa ecologia de conhecimentos e também desenhada pelos recursos de comunicação que temos em cada época: basta pensarmos em como o surgimento da imprensa, do radio, televisao e mais recentemente da internet, produz ambientes para produção e circulação de conhecimentos muito distintas, modificando profundamente as relações de poder, as atividades econômicas e as formas de acesso à informação numa sociedade.

***

Para exemplificar melhor essa idéia de “ecossistemas” e a maneira como o conhecimento, mediado pelas formas de expressão (tecnologias de comunicação, por exemplo), participa das atividades socioeconomicas e politicas, tomarei dois exemplos:

Um exemplo radical: nossa língua (o portugues) é um recurso cognitivo de uso comum que não está sujeito a um sistema de propriedade. Com isso, todos aqueles que dominam o código podem fazer uso dele sem ter que pagar por isso. Evidentemente, novas formas de estratificação social irão se estabelecer a partir das diferentes condições de apropriação deste código e das competências correlatas. Nesse sentido, a capacidade de comunicação em portugues é um recurso cognitivo que participa de toda atividade econômica sem ser exatamente contabilizado (é quase uma externalidade).

Todavia, cada vez mais, o domínio de recursos cognitivos funcionam como vetor de diferenciação quando inseridos nas atividades produtivas.
Por exemplo, o diploma universitário é um sistema de certificação sobre conhecimentos específicos que, em nossa sociedade, tornarem escassos e constituem um mercado de trabalho. Em certo sentido, podemos dizer que o diploma funciona como um tipo de certificação que confere direitos de uso/usufruto econômico sobre a posse de um conhecimento cuja domínio (ou posse) é rara.

Com isso, quero indicar que temos diferentes formas de combinar livre acesso a recursos cognitivos (ou conhecimentos) com formas “proprietárias” ou “certificadas” que garantem condições exclusivas de uso daquele conhecimento.

Com isso podemos ter modelos em que a inovação tecnológica está mais concentrada em poucos atores que detém maior acesso a conhecimentos e poder econômico; ou modelos em que a inovação está mais dispersa em redes ou grupos porque os recursos cognitivos ou materiais para inovação são de “baixo” custo de entrada.

Atualmente, há fortes debates acadêmicos sobre se os dispositivos de propriedade intelectual estão realmente funcionando como mecanismos de estímulo à inovação ou se, ao contrário, tornarem-se recursos importantes de bloqueio à inovação.

Isso ocorre em parte porque:
-aqueles que se estabeleceram primeiramente no interior do sistema de propriedade intelectual, estão em condições favoráveis economicamente e politicamente no tabuleiro. São eles que ditam as regras do jogo.
-criar e manter um sistema de gestão da propriedade intelectual é custoso.

Tal situação tem propiciado a emergencia de guerras de patentes, onde quem tem mais recursos para bancar as batalhas jurídicas acaba ganhando.
Já se utilizam, ha muito tempo, por exemplo, patentes defensivas ou preventivas.

Diante disso, na universidade, precisamos discutir qual “ecologia de conhecimentos” desejamos incentivar e quais modelos de interação entre o conhecimento produzido na Universidade e as atividades economicas e sociais extra-universidade queremos fomentar.

Quando pensamos em politicas de inovação tecnológica para o desenvolvimento socioeconomico em termos nacionais (política pública de ciência, tecnologia e inovação) devemos avaliar como o uso combinado de dispositivos de propriedade intelectual podem ser combinamos com formas de livre acesso ao conhecimento. As escolhas devem levar em conta a maneira como os conhecimentos produzidos participam na dinamica social e econômica, em que escala da sociedade (micro, macro), e em que locais de uma cadeia produtiva.

Neste sentido, penso que é estratégico discutirmos quais conhecimentos, e quais são as interações que este conhecimento produz em contextos específicos, para podermos avaliar qual forma de regulação pode potencializar o desenvolvimento social e econômico.

Só para citar exemplo desses desenhos estratégicos: “Fair Use” nos EUA => EUA tem política restritiva da P.I para fora do país, e internamente tem mecanismos mais flexíveis – com isso, consegue criar ambiente mais favorável de inovação, enquanto utiliza os mesmos dispositivos para bloquear a inovação em empresas ou países concorrentes.

Numa outra direção, muito do que temos hoje em termos de inovação tecnológica apoia-se em modelos de inovação aberta:
-internet => Tim Berners-Lee criados dos protocolos http:// , www

A internet funciona como um ambiente sociotécnico de natureza aberta à inovação que se dá nas pontas.

Antes de termos esta internet, outros modelos (tanto estatais – Minitel Frances) como modelos proprietários de algumas empresas) não foram capazes de competir com o modelo aberto proposto, baseado no TCP/IP.

Da mesma forma, os computadores da IBM, para que pudesse ficar mais baratos e competitivos, optaram por uma arquitetura aberta dos componentes, permitindo que muitas fábricas produzissem as peças necessárias para um computador.

É diante desses dilemas, e combinados à novas práticas de colaboração e uso das tecnologias digitais que temos observado o surgimento de muitas experiências interessantes de inovação aberta na área científica e tecnológica.

==Ciência Aberta e Inovação Aberta==

Slides-Apresentados-henrique-inovacao-aberta

Caso tenham interesse noutros links veja minha biblioteca aqui:

Ciência Aberta: https://links.sarava.org/bookmarks/polart/ci%C3%AAncia-aberta
Ciência Cidadã: https://links.sarava.org/bookmarks/polart/ci%C3%AAncia-cidad%C3%A3
Dados Abertos: https://links.sarava.org/search/polart/dados-abertos
Tecnologias Sociais: https://links.sarava.org/search/polart/tecnologias-sociais
Participação social e tecnologias: https://links.sarava.org/tags/participa%C3%A7%C3%A3o-pol%C3%ADtica

Site: http://tropixel.ubalab.org/pt-br/15-ciencia-aberta

tropixel

 

 

Semana de atividades e debates sobre ciência aberta, dentro do Festival da Mata Atlântica em Ubatuba.

Tropixel Ciência Aberta é uma programação desenvolvida pela rede Tropixel e pela plataforma Ciência Aberta Ubatuba dentro do Festival da Mata Atlântica no início de junho de 2015, em Ubatuba. Consistirá em oficinas, debates e um laboratório temporário trabalhando temas como o acesso a dados científicos, a relação entre ciência e desenvolvimento, ferramentas colaborativas em rede e equipamentos científicos abertos.

1. Oficina Hardware Científico Aberto

1 e 2 de junho, das 13h30 às 17h30. Etec Centro Paula Souza (Castro Alves 392, Itaguá).

Oficina para alunos de escolas públicas de nível médio e/ou técnico. Propõe a montagem de equipamentos de monitoramento ambiental baseados em software livre, hardware aberto e componentes eletrônicos de baixo custo. Inscrições abertas no formulário disponível aqui.

Facilitadores: Ricardo Guima-San e Gina Leite (Gypsyware/Memelab).

2. Painel Ciência Aberta

3 de junho, das 13h30 às 19h. Auditório do Aquário de Ubatuba (Guarani 859, Itaguá).

Debates e apresentações sobre Ciência Aberta e Colaborativa, explorando suas implicações e potencial no contexto local de Ubatuba e entorno. Ao fim do painel haverá o lançamento do Guia de Práticas Abertas e Colaborativas em Ciência.

14h a 16h – Territórios e conhecimento

  • Diogo Soares (Observatório Litoral Sustentável);
  • Maira Begalli (UFABC);
  • Representantes do Fórum de Comunidades Tradicionais;
  • Álvaro Fazenda (Forest Watchers / UNIFESP SJC);
  • Lica Simões (Redelitoral / ITA).

16h – Coffee Break

16h30 a 18h30 – Fronteiras abertas

  • Cândido Moura – (Ubatubasat / Escola Técnica Tancredo Neves);
  • Rachel Jacobs – (Active Ingredient);
  • Jorge Machado – (EACH USP);
  • Juliana Bussolotti (Associação Cunhambebe) e Humberto Gallo (PESM).

18h30 – Ciência em Construção

  • Leslie Chan (OCSD) – participação remota;
  • Lula Fleischman – Lançamento do guia de ciência aberta e colaborativa.

3. Laboratório #mozsprint: Mozilla Science Global Sprint

4 e 5 de junhom das 10h às 17h.

Dois dias de laboratório aberto, desenvolvendo protótipos e projetos ligados às ideias de ciência aberta e colaborativa. O lab faz parte do Mozilla Science Global Sprint, evento que acontecerá simultaneamente em várias partes do mundo. Algumas atividades previstas são:

  • Mutirão digital de dados científicos sobre Ubatuba;
  • Performing data hackday + Redes de sensores Infoamazonia;
  • Oficinas de tecnologias colaborativas para projetos científicos;
  • Edição colaborativa do Guia da Ciência Aberta;
  • Incubadora de projetos científicos abertos.

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